terça-feira, 19 de novembro de 2013



A CAMINHO DO GOLUMANE

Luzes mestiças ofuscavam minha ginga
Enquanto fogo negro tamborilava
tan-tans na minha muralha

A estrela era um ponto de luz
pequenino forte tenaz contundente
porém pequenino, pequenininho

Trouxe consigo a alvidez da bruma
Suavizou o sarcasmo da presunção
e aborveu o caudal de lágrimas maternas

E o orvalho do caminho ainda é alvo
As mulheres sacrigloriosas do Golumane
geraram alva estrela

11/2012

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

De regresso ao Uije

Olá, meu povo.
Quando estou bem da vida, ou seja, de bem com a vida, como queiram, costumo dizer: "Eu sou um rei sem povo. E há povo sem rei, há". Ou então: "rico sem dinheiro, pobre feliz".
Se Deus quizer, amanhã vou ao Uije. Conforme nosso programa, meu e do Dalton, sairemos de Luanda por volta das 6 horas e chegaremos por volta das 12. Temos ido à sexta-feira, mas como o Dalton tem actividade hoje, não poderemos sair para viajar. Então amanhã faremos uma directa. De Luanda ao Uije sem pernoitar no Piri, como tem sido hábito.
Na semana antepassada, em que fui só com o Veredeiro, registei apenas um acidente, sem vítimas humanas, graças a Deus. De Luanda ao Piri.
Nesta semana, sei que vai haver festa da comuna, organizada pela ANAPIRI. Espero que os ânimos não levem as pessoas a exagerar em comportamentos como pisar fundo no acelerador, beber em demasia, conduzir com sono, com cansaço, enfim, conduzir em condições adversas.
E a polícia, BET, deverá cumprir cabalmente com o seu papel. Apesar de o conselho para não aceitar a gasosa ser irrelevante, vamos encontrar um meio termo: Gasosa só de viaturas com lotação regulamentada e de condutores sóbrios.
De resto não valerá a pena. Lembrem-se dos cinco jovens que vinham do funeral da sogra do Semica, Simão da tia Teté Simão, que perderam a vida ao colidirem com um camião dos chineses. Cinco óbitos na mesma rua onde vivia a finada sogra do Semica.
É. E houve uma cena caricata. Quase igual a que dizem ter acontecido com o Ernesto Bartolomeu. Uma tia queria boleia e o condutor ripostou: Não tia. Você no meu carro, não. Prefiro te dar dinheiro para apanhar candongueiro. Ou vai a pé ou quê, mas no meu carrito, não.
Pegou numa moça e colocou no lugar que seria para a tia.
Os cinco jovens que iam nessa viatura encontraram morte imediata.
Isso não volte a acontecer.
Boa festa do Piri. Se Deus quizer estaremos juntos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Nas curvas dos Dembos



Fotos de 19 de Maio, tiradas a cerca de 3 e 5Km de Mukiama Samba. Houve nesse troço, no mesmo dia, 4 acidentes em pontos diferentes.
Segunda feira, 12, por volta das 12, a Xica ligou-me. Estava em Luanda, no Kikolo para comprar pratos para revender. "Os que levei da vez passada acabaram rápido. Se não fosse aquela situação, podia ter lucros".
Terça feira, 13, por volta das 10, a Xica ligou: "Não estou nada bem. Tivemos acidente, nas imediações de Mukiama Samba. O carro em que íamos capotou. Doem-me o peito e o braço. Os pratos partiram todos. Perdi tudo. Não posso falar muito, estou com muitas dores. Depois ligo. Tchau".
Naquele troço, Úcua - Piri, há em média oito acidentes por semana. Apesar de não ser zona fronteiriça, há na via , Sassa - rio Danje, mais de três controlos policiais sem contar com os dois da BET. Qual é, afinal o trabalho desse efectivo policial e de fiscalização ao longo da via?
A maior parte dos acidentes envolvem camiões traillers que se desviam para os precipícios ou colidem com outras viaturas resultando daí mortes imediatas ou ferimentos graves que por tardar a assistência desembocam em fatalidade.
Não há qualquer trabalho de prevenção de acidentes, ou outra intervenção do tipo da parte dos agentes em serviço. Eles estão lá, a mandar parar carros de todo o tipo, mas é para pedir dinheiro. Estão mais preocupados em saber que papel falta ou em que data foi passado para por via disso extorquir dinheiro, do que saber, por exemplo, o estado técnico da viatura, se o motorista está em condições de conduzir, etc, etc.
As imagens que aqui vou postar são uma pontinha do que nos últimos tempos tenho vindo a registar nos dias que vou ao Piri e ao Uije.
Apesar disso, passem bem! E rápidas melhoras à Xica. 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Eu mesmo.

Bom dia, caríssimos amigos.
Tenho o grato prazer de ir me apresentando. Sou El Bantúria. O muceque me conhece, por outro nome, dos muitos que fomos adoptando ao longo de todas estas guerras. Mas o muceque conhece-me. Eu sou filho do muceque Cemitério Novo. Como disse no princìpio, irei me apresentando. Por enquanto, chega.
 
 

Funji com carne de kipiti




                                                                            











Hoje irei, uma vez mais, ao Piri. Se der darei uma saltada a Kibaxi. Desta não será propriamente para trabalhar. Andar pela mata, descer e subir, subir e descer o Kambututu. Derrubar, desmatar e abrir espaço para plantar alimentos naturais.

Irei ao Piri descansar, melhor, repousar. Passar o fim de semana, comer funji com kizaka, com usse ou com maxanana e peixe seco. O funji de bombó daquelas terras é branco, limpo e apetecível. Meu Deus, ainda cheira a funji. Um dia destes vou trazer para aqui a imagem. Hoje não, mas em breve farei isso. Funji feito pela Rosa M. Simão.

O que desagrada, é ver, durante essas viagens, os animais pendurados ao longo da via. É certo que é uma forma de subsistência. Mas podemos ganhar a vida sem nos dedicarmos a chacina desses seres vivos. E os caçadores já vão dizendo que a caça já escasseia. Isso não é bom para o ecossistema, tão pouco para a preservação da fauna, enfim da natureza.

Tem de se pôr fim a esta situação. Nos mercados que estão ao longo da via (EN 100), só se come funji com carne de caça. Desde javali, veado, gazela, macaco, paca, etc. A mim já enjoou. Além disso, os veterinários aconselham-nos a ter muito cuidado com as carnes de caça devido as zoonoses. Nunca sabemos quando é que um animal foi apanhado doente. Porque os animais da mata também adoecem e podem contaminar-nos.

Os meus colegas veterinários têm muito trabalho pela frente. Neste caso, o meu camarada Pedro Fuango terá uma batata tórrida nas mãos.

Com a ajuda das autoridades competentes, as "autoridades a quem desta competir", como rezava nas nossas obrigatórias, hoje em vias de extinção, guias de marcha, a situação pode reverter a favor do equilíbrio do ecossistema e preservação da natureza e da humanidade em particular.

Bem haja.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Tardes no Loma

Crianças banhando-se no Loma
Crianças banhando-se no Loma
 

Nos últimos dois anos tenho ido frequentemente à comuna do Piri, Quibaxi, Dembos. A maior parte das terras estão ocupadas por pretensos fazendeiros, estando a região toda demarcada por fazendas cujos supostos donos estão a reaver. Ainda assim, sobra algum espaço, para com muito sacrifício, exercitar algumas práticas agrícolas.
À tardinha, depois de descer e subir muitas vezes o Kambututu, vem a necessidade de refrescar-se com um banho reparador. Onde? No Loma.
Há dias como esse, em que as crianças arrumam as suas bikuatas e vão ao rio lavar e banhar-se.
E, às tantas apanho-me tomado por esse espetáculo das crianças a fimbar despreocupadamente. Alegres, muito felizes, inocentes.